02 dezembro 2009

"Sequências Insulares" até 5 de Dezembro


A exposição apresenta trabalhos fotográficos de Dominique Robelin.

Para ver na Galeria do Sobrado, na cidade de S. Filipe !
Iniciativa da Djar Fogo

23 novembro 2009

Dengue, a febre "quebra-ossos"

A dengue é provocada pela picada de um mosquito Aedes aegytpi infectado com um dos 4 tipos de vírus da doença; não é transmissível de uma pessoa para outra, mas apenas pelo mosquito-fêmea infectado por ter sugado o vírus no sangue de uma pessoa doente.

Assista a um video da Wellcome Trust, no qual se explica o modo de infecção dos humanos pelo mosquito, aqui (em português) e em inglês aqui.

O mesmo acontece com a transmissão da malária pelo mosquito-fêmea Anopheles.

O Aedes aegytpi foi identificado como vector da doença em 1906, embora não seja o único mosquito capaz de a transmitir. Tanto pica ao ar livre como dentro de casa, e alimentam-se (picam para sugam sangue) ao amanhecer e ao anoitecer; reproduzem-se em velhos pneus de automóveis ou vasos de flores.
Os sintomas variam entre a febre média e a febre alta incapacitante, rash (erupção cutânea de aspecto avermelhado).e dores tão agudas por todo o corpo (ex.: cabeça, olhos, músculos) que a doença é conhecida há muito tempo como febre “quebra-ossos”.

Trata-se de uma doença grave, tipo gripal, que afecta crianças e adultos e para a qual não há qualquer tratamento antiviral específico.
Não são recomendados medicamentos anti-inflamatórios (ex.: Ibuprofen) ou ácido acetilsalicílico (ex.: aspirina). Paracetamol pode ser usado com precaução. É fundamental manter a hidratação.

A febre é predominante nas áreas tropicais e sub-tropicais do globo e os sintomas aparecem 3 a 14 dias (em média 4 a 7 dias) após a picada.

A febre hemorrágica da dengue ou DHF - febre, dores abdominais, vómitos e hemorragia - tem consequências potencialmente letais, afectando em particular as crianças, mas com um diagnóstico clínico precoce, médicos e enfermeiros experientes conseguem frequentemente salvar doentes. O risco de epidemias da dengue hemorrágica aumenta com a introdução de novos virus em populações sensíveis.

A dengue foi a última grande doença transmitida por mosquitos a ser identificada – após uma epidemia nas Caraíbas em fins da década de 1820 -, chegando a ser confundida com a febre amarela ou outras doenças.
O movimento do tráfico aéreo facilita o transporte rápido do vírus entre várias zonas do mundo.

Áreas de risco para transmissão de dengue, 2006
Fonte: http://www.who.int/csr/disease/dengue/impact/en/index.html

Fontes/Bibliografia

- http://www.who.int/topics/dengue/en/

- http://www.who.int/tdrold/diseases/dengue/dengue_port.htm

- SPIELMAN, Andrew e D’ANTONIO, Michael – O Mosquito, Lisboa: Editora Replicação, 2004

20 outubro 2009

Arquipélago de Cabo Verde, historiografia-bibliografia

Maria Manuel Ferraz Torrão e Maria João Soares apresentam uma síntese da historiografia acerca do arquipélago de Cabo Verde, em 2 artigos disponíveis no website do Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT-Portugal): Histórias Conjuntas- Parte I e Histórias Conjuntas -Parte II.






De Senna Barcellos e António Brásio à História Geral de Cabo Verde, passando pela extensa obra de cariz interdisciplinar de António Carreira e pela revista Magma, a bibliografia é revisitada e disponibilizada ao público interessado em dedicar-se a trabalhos diversos acerca do tema.
Maria Manuel Torrão apresenta também o historial do processo produtivo da História Geral de Cabo Verde em HGCV-Um projecto de cooperação e de utilidade prática.
Estes e outros artigos estão publicados no Blogue História Lusófona.

Cultura crioula, judeus e cristãos-novos


Os Cristãos-Novos e a Crioulização em Cabo Verde e nos Rios da Guiné, Séculos XVI-XVII é um artigo de Tobias Green, do Centre of West African Studies da Universidade de Birmingham, disponível em Saber Tropical knowledge. Aborda-se o papel dos cristãos-novos – convertidos de judeus e seus descendentes – no desenvolvimento de sociedades crioulas de Cabo Verde e da Guiné nesse período e o leitor é remetido ainda para outros estudos acerca da temática.
Outro artigo - Em torno da presença de judeus e conversos na África Ocidental, de
José Alberto Rodrigues da Silva Tavim - critica um texto publicado no mesmo website e apresenta também bibliografia acerca da temática.

Fontes para a História da expansão portuguesa

O Arquivo Histórico Ultramarino (Lisboa, Portugal) possui o maior acervo do património histórico e documental sobre a expansão e colonização portuguesas.
Nessa instituição podemos encontrar toda a legislação adoptada nas antigas colónias, a criação de instituições como o Ministério do Ultramar, o Conselho Ultramarino e a Secretaria de Estado da Marinha e do Ultramar, bem como dados geográficos, biológicos, ecológicos e político-culturais das ex-colónias.
Estes documentos revestem-se de importância extrema, pois são o testemunho da presença de Portugal no mundo e deram um importante contributo histórico para o conhecimento dessas regiões.
A preservação e restauro dos documentos é uma das mais valias do Arquivo Histórico Ultramarino. Além dos especialistas em restauro, esta instituição disponibiliza, aos investigadores, os documentos em formato electrónico para que os possam tratar digitalmente.
Um video acerca do Arquivo e seu acervo por ser visto aqui.

Contactos
Morada: Calçada da Boa-Hora, 30
1300 – 095 LISBOA
Portugal

Tel: +351 213616 330
Fax: +35121 362 1956
E-mail: ahu@iict.pt

Fonte: http://www.tvciencia.pt/

Bloco «Falar de África»

29 OUTUBRO
Conferência – Escravidão e Mobilidade Social: trajetórias de egressos do cativeiro (Porto Feliz, São Paulo, Século XIX)

Conferencista: Rodrigo Guedes Ferreira (Univ Federal Rural do Rio de Janeiro)
Comentador: Gerhard Seibert (ISCTE)

Sala do Brasil (AHU)17h30 - Cç. da Boa-Hora, nº 30 Lisboa


5 NOVEMBRO
Conferência – José de Souza Valdês nas Minas Gerais: relações clientelares e o exercício do poder “em nome de Vossa Majestade”

Conferencista: Claudia C. Azeredo Atallah (Faculdade Machado de Assis)
Comentador: Rodrigo Guedes Ferreira (Univ Federal Rural do Rio de Janeiro)
Sala do Brasil (AHU)17h30 - Cç. da Boa-Hora, nº 30 Lisboa

12 NOVEMBRO
Conferência – “Despejando a matéria do fogo”: os Açores, as erupções e a história natural
Conferencista: José Damião Rodrigues (Universidade dos Açores e Centro de História de Além-Mar)
Comentadora: Maria Manuel Ferraz Torrão (DCH, IICT)

Sala do Brasil (AHU) 17h30 - Cç. da Boa-Hora, nº 30 Lisboa

Contactos:
ahu@iict.pt - tel: +351 21 361 6330

Bloco «Falar de África» - dch@iict.pt - tel: +351 21 360 0580

23 setembro 2009

Charles Darwin em Cabo Verde, 1832

A importância das comemoração dos 200 anos de nascimento de Darwin e dos 150 anos da publicação do seu mais famoso livro, acrescida da evocação na cidade da Praia da presença do cientista em 1832 - no decurso da viagem mais importante da sua vida - leva-nos a publicar este post, com uma série de links destinados a usufruto didáctico-pedagógico da efeméride.

Quem foi Darwin ?

Charles Robert Darwin, naturalista nascido em Shewbury a 12 Fevereiro 1809 , foi considerado pelo Times "o inglês mais proeminente desde Newton" quando, em 19 Abril de 1882, faleceu.

Entre 1831-1836, Darwin realizou uma longa viagem a bordo do navio Beagle, que o conduziu a formular a teoria da selecção natural, publicando-a na obra "A Origem das Espécies".


Durante 23 dias o Beagle esteve ancorado ao largo do porto da Cidade da Praia, onde chegou pouco passava das 15h00 do dia 16 de Janeiro de 1832. Charles Darwin chegou à cidade num barco a remos, pouco depois.

Acerca desses dias, e dos percursos que realizou na ilha de Santiago, fala o capítulo 1 do livro "A origem das espécies", que se pode ler em português aqui.

Em 19 de Setembro último, o navio de passageiros holandês Stad Amsterdam - uma réplica do Beagle - esteve ancorado na cidade da Praia e foi visitado por alunos; esta foi uma das iniciativas das comemorações em Cabo Verde, dinamizadas pela Universidade, visando perpetuar a paragem do cientista no arquipélago, onde identificou por exemplo a ave que aqui se apresenta - a Dacelo iagoensis (martim-pescador ou alcione) - e bebeu grogue.

Na presença de tetranetos do naturista inglês - Randal Keynes e Sara Darwin - realizaram-se outras iniciativas, como a atribuição do nome de Charles Darwin à avenida que liga a Rotunda de Lém Ferreira ao Porto da cidade da Praia.
Em Cabo Verde, as comemorações são coordenadas pela docente Ana Hopffer Almada, da Uni-CV.
O sítio português Darwin2009 - apresenta, além da biografia e estudos desenvolvidos pelo naturalista, uma série de Recursos Educativos (ex. Multimédia, livros de interesse) que podem ser usados em sala de aula e um conjunto de sítios de interesse.
No Reino Unido as comemorações são dinamizadas quer pelo Natural History Museum, quer pela Biblioteca Universitária de Cambridge, que apresentam interessantes documentos nos respectivos websites.

Da geologia à botânica, da biologia à antropologia, os estudos de Charles Darwin continuam a ser alvo de polémica e uma fonte de inspiração para a imaginação e prática científicas: vale a pena divulgar este manancial de conhecimento - é essa uma das valias das efemérides.

26 junho 2009

Cidade Velha é Património da Humanidade

Cabo Verde tem,
a partir de hoje, a Cidade Velha inscrita na Lista de Património Mundial da UNESCO que integra bens de valor universal excepcional, por decisão tomada por unanimidade, em Sevilha (Espanha), na 33ª sessão do Comité do Património Mundial, presidido por María Jesús San Segundo.


A Ribeira Grande - redenominada Cidade Velha no final do séc. XVIII - foi a primeira cidade colonial construida por europeus (portugueses) abaixo dos trópicos, no séc. XV, e é um testemunho da história colonial europeia em África e do tráfico de escravos intercontinental.
A declaração (versão preliminar) da Cidade Velha-Ribeira Grande de Santiago a Património Mundial, de 2007, pode ser lida aqui.

No website da UNESCO podem encontrar-se informações acerca deste e de outros sítios mundiais, hoje também elevados a esta categoria.

O Comité do Património Mundial 2007-2009 é constituido por representantes de 21 Estados.
As decisões têm por base uma Convenção adoptada na Conferência Geral da UNESCO de 16 de Novembro de 1972, na qual se define o género de bens culturais ou naturais que podem integrar a lista. A versão portuguesa do texto da Convenção pode ser lida aqui.

O Sr. Presidente da República Pedro Pires falou ao país acerca deste reconhecimento mundial e o Ministério da Cultura de Cabo Verde emitiu também uma declaração.

Ontem, o Comité tomou a decisão de eliminar, pela 2ª vez, um sítio da lista de património da Humanidade - saiba os motivos.

O Museu Municipal de S. Filipe congratula-se com este acontecimento e felicita a equipa que concebeu e fundamentou a candidatura !

08 junho 2009

Literaturas de Cabo Verde, S.Tomé e Guiné-Bissau

II Ciclo de Colóquios-Curso Internacionais Literaturas
de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe

19 e 20 de Junho de 2009


Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
Organização: Margarida Calafate Ribeiro (Centro de Estudos Sociais)
e Sílvio Renato Jorge (Universidade Federal Fluminense, Brasil)

Apresentação

Este colóquio-curso sobre Literaturas de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe pretende fazer uma abordagem de excelência científica dos vários sistemas literários, a sua relação com a sociedade, o espaço e o tempo (colonial, pós-independência e pós-colonial).

Serão também abordadas as relações de cada uma destas literaturas com a história, a política, o poder e o conhecimento dos seus países de origem e produção.

O colóquio-curso realiza-se na sequência do I Ciclo de Colóquios-Curso Internacionais em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa organizados pelo CES em 2007, dedicado ao estudo das Literaturas de Angola e Moçambique, de que resultaram os livros:

'Lendo Angola' (Org. Laura Cavalcante Padilha e Margarida Calafate Ribeiro; Afrontamento, 2008);
'Moçambique: das palavras escritas' (Org. Margarida Calafate Ribeiro e Maria Paula Meneses; Afrontamento, 2008).

Programa
19 de Junho

10h00
Pires Laranjeira (Universidade de Coimbra)
“A emergência do negro e do feminino literários nas pequenas comunidades crioulas”

Odete Semedo (INEP)
“Revisitar os escritos guineenses: a (re)criação de vozes na poesia e nos cantos”

14h30
Inocência Mata (Universidade de Lisboa)
“Um laboratório de viventes: Deslocamentos, veredas, antinomias e errâncias na literatura são-tomense”

Sílvio Renato Jorge (Universidade Federal Fluminense)
“Palavra, memória e política na poesia de Conceição Lima”
20 de Junho
10h00
Simone Caputo Gomes (Universidade de São Paulo)
“Cabo Verde e as pérolas do Atlântico: literatura e património cultural”

Joana Passos (Universidade do Minho)
“Dói-me que a folha em branco/ não exija nada”: a escrita de Dina Salústio como literatura comprometida

Livia Apa (Universidade de Napoli l’Orientale)
“Dentro/Fora Cabo Verde: escritas das diásporas caboverdianas”

14H30
Mesa de Escritores: Conversa com Dina Salústio, Joaquim Arena, Odete Semedo e Tomaz Medeiros.

31 maio 2009

Cabo Verde, por Jean-Yves Loude


Cap-Vert. Notes Atlantiques é da autoria do jornalista e etnólogo Jean-Yves Loude com colaboração da etnóloga Viviane Lièvre; publicado em 1997 - Arles : Actes Sud - foi traduzido e publicado dois anos mais tarde pelas Publ. Europa-América.
Faz parte de uma série de obras dos dois autores, que de 1994 a 1999 se interessaram por Cabo Verde e viajaram nas ilhas recolhendo sons, imagens, histórias.
Carlos Moreira Gonçalves desenhou as 10 gravuras que, como cartas de jogar, representam a sua visão das ilhas caboverdianas. Deixamos aqui, a gravura dedicada à ilha do Fogo.
No Fogo, para este livro, foram seus acompanhantes na descoberta da ilha, Fausto do Rosário, Ernesto Alves, Artur Cardoso e os algerianos Khalil e Abdou. Vale a pena ler !

19 maio 2009

Museu de S. Filipe comentado a partir do Mindelo

João Branco, no seu blog Café Margoso, dedica o Café da Semana ao nosso Museu.

Agradecemos a divulgação e desejamos que as visitas a S. Filipe e ao Fogo - para ver o Museu e não só - se multipliquem e permitam fomentar o debate e activar a programação museológica no arquipélago.

Em prol do Turismo Cultural e de uma maior proximidade entre profissionais na área da Cultura e do Turismo nas várias ilhas muito importa fazer - pelo diálogo é que vamos, aceitando críticas e reflectindo acerca das nossas práticas laborais !

17 maio 2009

Memórias da Emigração: no Museu de S. Filipe


Se não chove, morre-se de sede
Se chove, morre-se afogado
Sina de Cabo Verde, de Gabriel Mariano

Uma das temáticas abordada no Museu Municipal de S. Filipe é a da emigração.

O clima seco determinou, desde o início da colonização de Cabo Verde, períodos de fome; estes, associados a doenças e a pragas, foram responsáveis por exemplo pela morte de cerca de 82 mil pessoas entre 1900 e 1947. A última grande fome - Fomi 1947 - matou 30 000 pessoas.
No século XIX, os navios baleeiros norte-americanos com escala no arquipélago atraiam as populações para além-mar. As ilhas Brava e Fogo foram as maiores fornecedoras de mão-de-obra para a emigração.

Destacam-se quatro vagas migratórias na história do arquipélago:

1900 - 1920: 27 765 emigrantes - 18 629 para os E.U.América; 3 765 para a Guiné e Dakar; 1 968 para a América do Sul;

1927 - 1945: queda do número de saídas (10 120 emigrantes) e desvio da corrente migratória para Portugal (3 336), Dakar e Guiné (2 969), E.U.A. (1 408) e América do Sul (1 203). Em 1941-1942, a fome provoca na ilha do Fogo a morte de cerca de 31% da população. Vozes locais se insurgem-se contra o poder colonial, como a de Nho Abílio Macedo, Agnelo Henriques, administrador do Concelho do Fogo e seu irmão António Henriques - poder colonial fascista enviou-os para a prisão do Tarrafal e para o degredo em S. Tomé.

1946 - 1973: grande diáspora, destinada ao continente europeu, com falta de mão-de-obra para a reconstrução do pós-guerra.
Ao longo da 1ª metade do século XX, assiste-se também à emigração, forçada pelo Estado colonial, para as plantações de S. Tomé e Príncipe.

Após 1974 – o fluxo migratório destina-se sobretudo para Portugal e Espanha, constituído quer por homens quer por mulheres, e concentram-se em Portugal sobretudo na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Algumas peças recolhidas na cidade - ex. mala saquedo e máquina de escrever da empresa do proprietário foguense de Ernestina -, são apresentadas no Museu, e relembram a vida de um dos proprietários da embarcação Ernestina, imortalizada na nota de 200$00 cabo-verdianos; o veleiro foi um dos principais barcos que conduziram vagas de emigrantes do Fogo para os Estados Unidos da América, após iniciar o serviço como transatlântico em 1947.
Uma entrevista a Nha Filó - filha de Henrique Mendes, proprietário foguense do Ernestina - relembra um pouco dos tempos duros da emigração forçada para S. Tomé e da busca de nova vida em terras norte-americanas.
Ernestina - oferecida por Cabo Verde aos Estados Unidos da América em 1982 - foi recentemente restaurada, aos 115 anos, em New Bedford e em 2010 poderá visitar Cabo Verde.

A emigração mantem-se como constante na vida do arquipélago e o tema constitui uma das áreas de investigação por parte deste Museu.
O turista atento que visita as ilhas - como a do Fogo - pode não compreender a existência, um pouco por todo o lado, e com diversos usos (ex. usados como vasos de flores), de inúmeros bidons: chegam com bens diversificados enviados pelos emigrantes para a família; substituiram os antigos sacos de pano.

Se pretender doar peças - passaportes antigos, sacos de transporte de bens para a família, fotografias,... - ao Museu Municipal de S. Filipe, para enriquecer o acervo relacionado com a emigração, contacte-nos através do seguinte e-mail:
museu.municipal@cvtelecom.cv

E não se esqueça: visite-nos !

18 de Maio, Dia dos Museus - e em Cabo Verde ?

Comemora-se a 18 de Maio o Dia Internacional dos Museus, instituido em 1977 pelo Conselho Internacional dos Museus (ICOM) com o objectivo de apelar para a importância cultural dos museus na sociedade e aproximar os profissionais dos seus públicos. O website do ICOM, disponível em inglês e francês, fornece muita informação quer aos profissionais da área museológica, quer ao público em geral.
O ICOM Portugal permite o acesso a muita dessa documentação e orientações internacionais em língua portuguesa, além de divulgar programação de museus portugueses.

Um interessante artigo acerca de Museus e Turismo em Cabo Verde pode ser lido - e sugerimos que seja também comentado - em A Semana ! Não deixe de reflectir acerca da realidade museológica do arquipélago, pois é um Futuro que importa valorizar !

O Museu Municipal de S. Filipe tem novo horário: das 10h00 às 15h00; encerra à 2ª feira.

Visite-o !

11 março 2009

Reabertura do Cape Verdean Museum Exhibit

Acabámos de receber esta nota de imprensa e cumpre-nos divulgar...


The Cape Verdean Museum Exhibit will reopen on Tuesday, March 17, 2009. The hours of operation are Tuesdays & Thursdays from 1:00pm to 5:00pm and on Saturdays from 12:00pm to 4:00pm. The Cape Verdean Museum Exhibit is located at 1003 Waterman Avenue, East Providence, Rhode Island.

New artifacts, pictures, maps and books have been added and the museum has many new and wonderful changes. Please come and view the history of Cape Verde, Immigration from Cape Verde and the Independence of Cape Verde.

Also showcased is how the Cape Verdeans settled, worked and their many accomplishments and contributions since their arrival in the New England area. The story is told with pictures and artifacts of the Whalers, Longshoremen, and workers on Cranberry Bogs. View Cape Verdean music of the old and new, Sport Athletes of Cape Verde, Cape Verdean Athletes in the New England area and Cape Verdean Athletes at the Olympics.

For group visits, please call the museum at (401) 228-7292 or email us at info@capeverdeanmuseum.org.
Visit our website at www.capeverdeanmueum.org
and view our Newsletter for upcoming events.

13 janeiro 2009

Museu Municipal de S. Filipe ... a concretização de um sonho partilhado

O Município de Palmela celebrou, em 1996, um Protocolo de Geminação, Cooperação e Amizade com o Município de S. Filipe, na ilha do Fogo.
No âmbito deste acordo, nomeadamente no capítulo relativo à assistência técnica no domínio do Património Cultural e Museologia, e decorrente de pedido formalmente apresentado pela Câmara Municipal de S. Filipe, com data de 24 de Maio de 2006, a Divisão de Património Cultural (DPC) da Câmara M. de Palmela iniciou um trabalho técnico visando conhecer a História do arquipélago, da ilha do Fogo e do município de S. Filipe, de novo a dar corpo a um programa para garantir a abertura do Museu Municipal de S. Filipe, equipamento cultural há muito desejado pelos munícipes locais e cujas linhas gerais e valências foram delineadas pelo município sanfilipense.
Este post, e os slideshows que o seguem (2006-2007-2008), traçam sinteticamente o trabalho realizado entre 2006 e 2008.

Maria Teresa Rosendo, responsável pela DPC, realizou a primeira missão técnica de 24 Julho a 2 de Agosto de 2006, com os seguintes objectivos:
  • detectar e inventariar recursos materiais e imateriais patrimoniais disponíveis na ilha do Fogo e, em particular, no Município de S. Filipe;
  • trabalhar uma proposta de adaptação do antigo Sobrado de Nhô Francisquinho a museu;
  • produzir e submeter um ante-projecto de programa museológico à apreciação da Câmara Municipal de S. Filipe e à Comunidade local.

No mesmo ano, entre 9 e 19 de Outubro, decorreu a 2ª missão técnica que contou também com a participação de Teresa Sampaio, antropóloga do Museu Municipal de Palmela. Esta missão teve como objectivos:

  • detectar fundos documentais existentes no Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde (Praia) relativos à ilha do Fogo e à cidade de S. Filipe;
  • contactar com os habitantes locais e recolher de depoimentos gravados sobre a sua história de vida e/ou temáticas específicas;
  • recolher, inventariar e fichar peças;
  • realizar uma acção de formação sobre “Noções Básicas de Museografia” para jovens locais, de modo a garantir a sequente recolha de peças detectadas, com orientação técnica do Museu Mun. de Palmela;
  • definir todo o equipamento museográfico-base para o museu.

No decurso de dois anos, os técnicos envolvidos levaram a cabo trabalho de pesquisa histórico-antropológica para produção de textos, selecção de imagens e estudo de peças (que foram chegando fichadas e com fotografia ao longo de meses…), definição de meios expográficos / museográficos, definição de circuitos de visita e de sinalética adequada.

Neste projecto estiveram também envolvidos outros técnicos do município de Palmela, como o Eng.º Mário Leitão (Chefe da Divisão de Organização e Tecnologias de Informação da CMP), responsável pelo projecto de luminotecnia, o Arqtº Nuno Neves (Divisão de Planeamento Urbanístico da CMP) que concebeu/desenhou parte do suporte museográfico (mobiliário desmontável e versátil) e o Auxiliar Técnico de Museografia Hugo Ferreira. A imagem do museu - patente quer nos painéis, quer na sinalética e merchandizing - foi criada pelo designer de comunicação Paulo Hasse Paixão; as técnicas Ana Cruz e Ana Vieira da Divisão de Comunicação da C.M. Palmela asseguraram a supervisão da execução gráfica de painéis, sinalética e desdobrável. Também Hugo Silva, desta divisão, participou no projecto através da edição do documentário "Memórias de Fogo", em exposição no Museu.

Muitos amigos em Portugal, sem dependência institucional, colaboraram com ideias e trabalho neste longo processo, com muitas sugestões por muito melhor conhecimento do terreno e das pessoas do que o pessoal afecto ao Museu de Palmela. Também com ideias e sobretudo muito saber sobre a História e Cultura foguenses, contribuiram Teodoro de Macedo, Agnelo Andrade, o jornalista Jaime Rodrigues, o Prof. Fausto do Rosário, Monique Widmer (Casa da Memória), o tecelão Gabriel, Artur Pina Cardoso Jr, e todos os entrevistados e doadores de peças em S. Filipe, que nos apoiaram e acarinharam nas 2 missões em 2006 e na de 2008.

Com cedência de imagens de ilhas que não visitamos contámos com Fernanda e Michel Rôlo e com a generosa colaboração do fotógrafo e jornalista José A. Salvador; para diversos desenhos contámos ainda com a generosidade dos arquitectos Filomena & Lourenço Vicente.

Ao longo do 2º semestre de 2006 e no ano 2007, a Ana Bela Centeio e a Liliana Araújo, tendo frequentado a acção de formação em museografia, recolheram e inventariaram peças em S. Filipe, pelo que a sua dedicação foi fundamental na articulação com a equipa em Portugal.

Em Dezembro último, teve lugar a 3ª missão técnica que teve como objectivo instalar e inaugurar o novo equipamento cultural. Esta missão contou ainda com a participação do Técnico Profissional de Museografia Lúcio Rabão, da Drª Patrícia Soares - Gabinete da Presidência/Cooperação Internacional - e do Vereador do Pelouro da Cultura do município de Palmela, Dr. Adilo Costa.

Numa 1ª fase da missão, foi feito o acompanhamento da obra no que se refere a aplicação do projecto de electricidade a todo o edifício, trabalho de carpintaria, reboco e pintura, renovação de algumas canalizações, tratamento da zona dedicada às plantas endógenas e instalação de meios audiovisuais.

Na 2ª fase, procedeu-se à montagem de todo o material museográfico, segundo o guião previamente elaborado; em paralelo, foram ministradas duas formações sobre Museografia e Protocolo, respectivamente por Maria Teresa Rosendo e Patrícia Soares, responsável pelo Protocolo da C.M. de Palmela.

O Museu inaugurou no dia 13 de Dezembro, com a presença de personalidades locais, dos municípios de Jávea e Ourém e com grande adesão da população. A inauguração teve início com um espectáculo, frente à fachada principal do Museu, que contou com a participação de diversos actores, cantores, músicos e estudantes locais, que apresentaram diversos rituais tradicionais foguenses, nomeadamente o Reinado, o Canizade, bem como poesia caboverdiana e as danças Mazurca e Contradança.

O trabalho (re)começa agora...
Ao longo destes dois anos, os técnicos da Câmara Mun. de Palmela optimizaram os seus conhecimentos profissionais e espírito de missão, na concretização de um projecto há muito esperado pela comunidade sanfilipense. Foi difícil, muitas vezes, conciliar o volume de trabalho com as tarefas desempenhadas em Palmela, por escassez de tempo, e na maior parte do tempo a investigação histórico-antropológica foi feita em casa, pelo correr da noite e aos fins-de-semana, em espírito de graciosa cooperação.

Mas...Compensou!

Compensou pela experiência de trabalho no terreno, pelo conhecimento que adquirimos, que produzimos e disponibilizamos a uma população ávida do mesmo.

Compensou pelas relações que se aprofundaram entre municípios.

Compensou pela possibilidade de concretizar um sonho de S. Filipe que passou a ser também de Palmela, e pela saborosa sensação de dever cumprido e partilhado.

Estamos cientes de que o trabalho terminado a 13 de Dezembro é, agora, e apenas, o início de um longo trabalho que agora aos sanfilipenses têm pela frente, na recolha, conservação, programação e divulgação da sua Cultura e História locais, num contexto nacional e internacional, ou não fosse o contingente da diáspora uma outra grande ilha do arquipélago...

Através do museu, equipamento cultural versátil na sua capacidade de interagir com públicos diversificados - do escolar ao turístico, do infantil ao sénior, do iletrado ao académico -, mas tecnicamente complexo (pela importância patrimonial conferida às peças que guarda e tem o dever de preservar para as gerações seguintes, dado que são hoje símbolos de memória colectiva), o município de S. Filipe fez um grande investimento financeiro e tem potencialidades para articular vários parceiros numa rede cultural local. O município de Palmela manterá a disponibilidade para prestar assistência técnica a este projecto.

Saudamos todos os trabalhadores locais que, durante duas semanas de intenso trabalho, connosco partilharam a vontade de edificar o sonho mostrando-se incansáveis no seu desempenho. Deve-se, também a eles, o cumprimento desta missão.

É agora tempo de visitar o museu, partilhar opinião, comentar, construir crítica para melhorar, potencializar conhecimentos da Comunidade em torno das peças expostas, recolhar mais peças ... Como disse a Graça, formanda da 2ª acção em Museografia, "O museu nunca acaba..." e é de Todos !

05 janeiro 2009

Um Museu à sua espera !



A partir deste mês será possível visitar o Museu Municipal de S. Filipe.
O horário e o pessoal mínimo para funcionamento deste equipamento cultural foram aprovados na última reunião, de 2008, da Câmara Municipal.

A visita ao arquipélago pode iniciar-se na ilha do Fogo, e o Museu é um local ideal para delinear os trajectos seguintes de ilha em ilha.
Horário:
De 3ª feira a Domingo, das 10h00 às 15h00 e das 17h00 às 20h00.
Encerra às 2ªs feiras.


Esperamos por si !